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Dedicação dos brigadistas florestais garante proteção aos parques estaduais mineiros

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No ano passado, o estudante de engenharia Jefter Silva, 25 anos, estava com toda a família reunida comemorando o aniversário do pai. Mas a festa acabou para ele quando, ao ligar a televisão, viu que começava um incêndio no Parque Estadual Serra Verde. Jefter não teve dúvidas: deixou a família em casa e correu para o parque para ajudar a controlar o fogo. “Meu pai ficou invocado comigo na hora, mas eu sabia que precisava ir e que ele entenderia”, lembra, aos risos.

 
Cenas como esta são comuns na rotina daqueles que, como Jefter, são brigadistas florestais – ou seja, têm a missão de proteger unidades de conservação em Minas Gerais. Embora pouco reconhecida, a profissão de brigadista é dura: exige esforço e muita disposição. Jefter, que foi líder de brigada do Parque Estadual Serra Verde em 2015, garante que o esforço vale a pena. “É muito gratificante combater um incêndio e saber que estamos ajudando a preservar a natureza”, diz.


O estudante de engenharia decidiu ser brigadista em 2011, quando presenciou um incêndio no Parque Estadual da Serra do Rola-Moça e, por não ter qualificação, não pôde ajudar. “Na ocasião, conversei com o pessoal do Corpo de Bombeiros e descobri que existia o curso para brigadista. Não tive dúvidas de que era o que eu queria”, afirma.  No ano passado, Jefter foi brigadista temporário no estado, mas já é brigadista voluntário há quase quatro anos.


O diretor de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais e Eventos Críticos da Semad, Rodrigo Belo, ressalta que, durante o contrato, os brigadistas também realizam um trabalho preventivo nas unidades. “Eles fazem campanhas educativas, constroem aceiros - que são faixas de terra nas quais a vegetação é retirada de forma a evitar que os incêndios se propaguem -, além de atuarem efetivamente nos combates”, explica.


“Quando um foco é detectado, a equipe sai imediatamente para checar. Se for de maior proporção, rapidamente é bolado um plano de ação e os recursos necessários são mobilizados”, relata Rodrigo Belo.


Em 2015, foram registrados 570 incêndios em 63 unidades de conservação mineiras, e estima-se que 95% das ocorrências sejam causadas por ação humana. “Queimas de beira de estrada e pastagens, soltura de foguetes e rojões em datas comemorativas, isto tudo é um risco para a natureza e pode causar problemas”, alerta.

 

Crédito: Janice Drumond

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Força-Tarefa Previncêndio


Além do reforço extra dos brigadistas contratados para o período de seca, durante todo o ano Minas Gerais conta com o Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, denominado Força-Tarefa Previncêndio, que, coordenado pela Semad, desenvolve as atividades de prevenção e combate a incêndios florestais nas unidades de conservação, com o apoio de brigadistas voluntários.


O programa é composto por Polícia Militar e Polícia Civil, Corpo de Bombeiros Militar, Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), Instituto Estadual de Florestas (IEF), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ibama e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).


Entre os equipamentos disponíveis para combate estão aeronaves e helicópteros, utilizados para monitoramento de focos de incêndio e deslocamento de brigadistas. A Secretaria mantém ainda contrato de aluguel de aeronaves, sendo empregados até 10 aviões modelos Air Tractor, com capacidade de lançamento de 1.500 a 3.000 litros de água.


Experiência acumulada


Cláudia Márcia Oliveira, de 47 anos, tem experiência nos combates a incêndios em Minas Gerais. Brigadista há 11 anos, ela é ainda vice-presidente da Brigada 1, Organização Não-Governamental de Combate Voluntário a Incêndios Florestais, que tem unidades em cinco cidades do estado.


“Sempre gostei de caminhadas ecológicas, de estar em contato com a natureza, e queria fazer algum tipo de trabalho voluntário. Uni o útil ao agradável e resolvi fazer o curso de brigadista”, diz. “A fumaça entra no sangue e a gente vicia”, brinca.


Cláudia foi uma das primeiras mulheres brigadistas florestais em Minas Gerais e garante que, apesar de o trabalho muitas vezes ser braçal, não fica para trás de nenhum brigadista. “Temos muitas mulheres brigadistas hoje na ONG e não deixamos nada a desejar. O objetivo de todos é o mesmo: apagar qualquer foco de incêndio”, enfatiza.


O brigadista voluntário e coordenador da Brigada 1 em Ouro Preto, Leonardo Debossan, de 29 anos, relata o sentimento de satisfação e alívio quando um incêndio é controlado. “Lembro-me muito do maior incêndio que aconteceu no Rola-Moça ano passado. Era um volume de fogo enorme, que demandou um combate muito duro, de quase cinco dias. Dormia por lá mesmo e trabalhei todos os dias”, lembra.


O trabalho de proteção à natureza traz recompensas. “Certa vez, conseguimos apagar um incêndio e depois, durante a verificação do perímetro, encontramos um ninho de passarinho cheio de filhotes, a pouquíssimos metros do local incendiado. É muito bom saber que, de certa forma, salvamos aquelas aves e outros animais”, conta.


Leonardo, que é professor de geografia, conheceu o trabalho da brigada ao fazer visitas de campo nos parques estaduais com seus alunos. “Vários fatores me impulsionaram para trabalhar com combate a incêndio, mas o principal, para mim, é mesmo a preservação do meio ambiente”, finaliza.


Como ser brigadista temporário


O contrato de brigadista pelo estado tem duração de quatro meses, abrangendo o período crítico de incêndios florestais, que normalmente começa em junho. O processo seletivo é aberto anualmente pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). Este ano, estão sendo contratados 377 brigadistas, que serão alocados em 48 unidades de conservação.


O contrato temporário tem carga horária de 40 horas semanais e salário base que varia de R$ 880 a R$ 1.760, mais benefícios. Após o término do contrato, o brigadista temporário deve ficar dois anos sem ser novamente contratado pelo estado, de acordo com a legislação vigente.

Como ser brigadista voluntário


Para ser um brigadista florestal voluntário, o único pré-requisito é ser maior de 18 anos e não possuir nenhuma limitação médica. Para tanto, é preciso realizar o curso de formação, que apresenta técnicas essenciais de combate aos incêndios e noções das formas de propagação do fogo.


Os brigadistas aprendem, entre outras coisas, formas de utilização de ferramentas, técnicas como construção de aceiros e combate direto e indireto ao fogo. Quem tiver interesse em saber mais sobre os cursos oferecidos pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) pode ligar para o telefone (31) 3915-1387.


A ONG Brigada 1 também oferece os cursos gratuitamente. Eles têm duração de quatro dias e são realizados em dois finais de semana consecutivos. 


Próximos cursos:


Araxá: 18 e 19 de junho, 25 e 26 de junho de 2016;


São João del Rei: 18 e 19 de junho, 25 e 26 de junho de 2016;


Mateus Leme: 02 e 03 de julho, 09 e 10  de julho de 2016;


Ouro Preto: 16 e 17 de julho, 23 e 24 de julho de 2016;


Belo Horizonte: 23 e 24  de julho, 30 e 31 de julho de 2016;

 

Inscrições pelo link http://brigada1.weebly.com/faccedila-parte.html

 

Agência Minas

SEMAD|

Rodovia João Paulo II, 4143, Bairro Serra Verde - CEP 31630-900