Uma coletiva com a imprensa nacional, realizada em Vitória na última sexta-feira (21/07), encerrou as atividades da operação de vistoria das estações automáticas de monitoramento da qualidade da água instaladas no rio Doce pela Fundação Renova. Os equipamentos são parte da estrutura que vem sendo montada para acompanhar a recuperação do rio e a eficácia das medidas tomadas para recuperação do rio após o rompimento da Barragem de Fundão, em 2015.
Na entrevista coletiva, representantes do Governo Federal, do Espírito Santo e de Minas Gerais apresentaram o resultado da vistoria realizadas nas estações automáticas instaladas na Bacia do rio Doce e o panorama de implantação das demais fases do Programa de Monitoramento Quali-Quantitativo Sistemático de Água e Sedimentos (PMQQS) da Bacia do Rio Doce. A primeira fase do trabalho é de instalação e operação de 56 estações em pontos estratégicos na Bacia Hidrográfica do Rio Doce.
Durante o evento, o secretario adjunto de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais, Germano Luiz Vieira, observou que o PMQQS é um dos mais importantes no rol de esforços que vem sendo feitos para recuperar o rio Doce. “É um instrumento que nos fornecerá dados para a tomada rápida de decisão e também para avaliarmos se as decisões tomadas anteriormente estão corretas”, afirmou.
Vieira lembrou que o trabalho integrado permitiu fossem tomadas as medidas conjuntas para fazer frente ao rompimento da barragem de rejeito de Mineração no município de Mariana que prejudicou o rio doce. “Poucos meses após o episódio, essa integração já ficou evidente com o grande acordo que envolveu a empresa, união e governos de Minas e Espírito Santo”, afirmou. “Naquele momento, o esforço era emergencial, de controle do evento, para garantir a segurança e, agora, já estamos em uma fase mais avançada na recuperação dos danos, com ações já iniciadas em todas as áreas”, completou.
A diretora da Agência Nacional das Águas (ANA), Gisela Damm Forattini, explicou que os dados da rede de monitoramento serão disponibilizados para a população, já interpretados, a partir dos dia 03 de novembro, quando será realizada uma reunião do Grupo de Trabalho que acompanha a execução do PMQQS. Ela observou ainda que nos dias 24 e 25 de agosto será realizada, em Brasília, uma reunião do Comitê Interfederativo (CIF), que cuidas das questões relativas à recuperação do rio Doce e reúne os governos Federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Crédito: Ascom/Sisema
O secretário adjunto de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Germano Vieira, e a diretora da ANA, Gisela Damm Forattini, na coletiva com a imprensa que apresentou a rede que monitora a qualidade da água do rio Doce.
Gisela Forattini afirmou que o trabalho para a recuperação do rio Doce busca dar tranquilidade para a população. “Um dos pilares do acordo é que o rio não volte a ser o que ele era antes, mas que ele se torne melhor do que já foi”, afirmou Gisela Foratinni. Ela explicou que uma das Câmaras Técnicas do CIF, a da Saúde, executa um plano de água tratada que inclui um plano de comunicação para informar sobre o que as populações devem fazer.
O Programa
O objetivo do PMQQS é acompanhar a recuperação da Bacia Hidrográfica do rio Doce, zonas estuarinas e costeira adjacentes, e a efetividade das intervenções realizadas, por meio da avaliação sistemática da qualidade da água e dos sedimentos. Para isso, uma nova rede de monitoramento está sendo instalada, custeada pela Fundação Renova, representante das empresas Samarco, Vale e BHP Billiton.
Nesta fase, foram entregues pela Fundação Renova, representante das empresas Samarco, Vale e BHP Billiton, 56 pontos de monitoramento da nova Rede para a bacia do rio Doce, ou seja, entre a barragem de Fundão, no município de Bento Rodrigues, até a Foz do rio Doce, em Regência, distrito de Linhares (Es), sendo 36 pontos em Minas Gerais e 21 no Espírito Santo que começam a operar em agosto. Os custos são de responsabilidade da Fundação Renova: R$ 4,4 milhões para a instalação e R$ 2 milhões anuais para operação e manutenção.
Entre os dias 17 e 21 de julho, representantes de instituições dos governos Feral, de Minas e do Espírito Santos, acompanhados do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce – CBH Doce, realizaram a vistoria em 22 dos novos pontos de monitoramento da Bacia, que requerem fiscalização por se tratarem de estações automáticas.
Desde o rompimento da Barragem de Fundão, o monitoramento da qualidade da água e dos sedimentos na Bacia do Doce tem sido feito, com diferentes ênfases, periodicidade e parâmetros nos rios afetados, pelo Igam em Minas Gerais, pelo Iema no Espírito Santo e pela Fundação Renova. Nas primeiras semanas após o desastre, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e a Agência Nacional de Águas também realizaram análises de água e sedimentos. Com a nova rede o monitoramento, a coleta, análise e divulgação dos resultados será feita de forma integrada, o que vai gerar mais eficiência e aumentar ainda mais a segurança das análises, já que o Doce será a Bacia com maior número de pontos e parâmetros de qualidade de água monitorados do País.
Participaram da ação de vistoria, profissionais da ANA, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), o Instituto Estadual do Meio Ambiente do Espírito Santo (Iema) e a Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH-ES) convidam para a apresentação do Programa de Monitoramento Quali-Quantitativo Sistemático de Água e Sedimentos (PMQQS) da Bacia do Rio Doce.
Saiba mais sobre o novo monitoramento:
Para um acompanhamento sistemático das coletas e análises, foram estabelecidos, no PMQQS, quatro trechos de monitoramento da qualidade das águas e dos sedimentos depositados.
1) O trecho inicial entre a mina da Samarco até a UHE Risoleta Neves, onde foram instalados 18 pontos de amostragem: quatro no rio Doce em trechos impactados pelo rompimento da barragem de Fundão; nove nos rios Gualaxo do Norte e do Carmo; dois no córrego Santarém em vertedouros de barramentos; e outros três pontos em áreas não afetadas.
2) Dez pontos de amostragem entre a UHE Risoleta Neves e a UHE Baguari, sendo metade em trechos impactados no rio Doce; três pontos no rio Piracicaba; e outros dois em locais não afetados nos rios Matipó e Santo Antônio, de domínio do estado de Minas Gerais.
3) O terceiro trecho está localizado entre a UHE Baguari e a UHE Aimorés. Nele foram instalados sete pontos de monitoramento, quatro localizados no rio Doce em trechos impactados pelo rompimento da barragem de Fundão e três pontos em áreas não afetadas (um no Suaçuí Grande, um no rio Caratinga e um no rio Manhuaçu).
4) Da UHE Aimorés até a Foz do rio Doce, no município capixaba de Regência, encontram-se os demais 21 pontos de monitoramento, distribuídos da seguinte forma: seis no rio Doce; um no rio Guandu; e outros quatorze nas lagoas Nova, Monsarás, Areal, Areão-Pandolfi e Juparanã, localizadas no município de Linhares, e na lagoa do Limão, que fica na divisa de Linhares com Colatina.
Os parâmetros a serem monitorados foram definidos pelas Câmaras Técnicas Socioambientais do Comitê Interfederativo (CIF): Gestão dos Rejeitos e Segurança Ambiental; Conservação e Biodiversidade; Restauração Florestal e Produção de Água; e Segurança Hídrica e Qualidade da Água. Além da avaliação de 42 parâmetros físico-químicos, o PMQQS contempla análise de ecotoxicidade, perifíton, biomonitoramento, medição de vazão e descarga sólida e qualidade de sedimentos.
A periodicidade de amostragem dependerá do tipo de estação de monitoramento. Mensalmente serão monitorados parâmetros da água coletada em todos os pontos de amostragem de rios e lagoas, incluindo medições de vazão e ensaios ecotoxicológicos, enquanto o monitoramento dos sedimentos será realizado trimestralmente. A análise da comunidade fitoplanctônica será realizada mensalmente; a amostragem do perifíton ocorrerá durante os períodos chuvoso e seco; e a comunidade bentônica será monitorada mensalmente.
Nas estações automáticas, as medições serão realizadas em tempo real para uso dos gestores e tomadores de decisão. Os dados obtidos nestas estações também serão utilizados para orientar possíveis alterações da frequência de amostragem, caso sejam observadas elevações dos parâmetros turbidez, condutividade elétrica e redução do oxigênio dissolvido, durante cinco dias consecutivos, conforme níveis de alerta estabelecidos no PMQQS.
Emerson Gomes
Ascom/Sisema