Fotos: Guilherme Paranaiba
Simulado de vazamento de combustível reuniu diversos órgãos que atuam em emergências ambientais
Um exercício prático com simulação de derramamento de óleo diesel em via pública fechou a programação da 9ª edição do Seminário de Emergência Ambiental nesta quinta-feira (21/11). O evento organizado pela Gerência de Prevenção e Emergência Ambiental da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e pela Comissão Estadual de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com Produtos Perigosos - CE P2R2 Minas, foi realizado na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte.
O exercício prático aconteceu na área externa, em frente ao prédio de serviços, e teve o objetivo de trabalhar na prevenção dos acidentes envolvendo produtos perigosos e também nas medidas que devem ser adotadas em caso de ocorrências com emergência ambiental, como isolamento do local e contenção ao risco de explosão. A atividade reuniu diversas agências que têm atribuições em caso de acidentes que envolvam produtos perigosos.
No caso prático foi feita a simulação do combustível transportado por um caminhão e foram adotadas as medidas emergenciais por parte de todos os órgãos envolvidos com uma emergência ambiental. Dados do Núcleo de Emergência Ambiental (NEA) da Feam mostram que o transporte rodoviário foi responsável por 77% das ocorrências de emergência ambiental comunicadas ao Núcleo de janeiro a 19 de novembro de 2019.
O simulado teve início com a identificação do vazamento de óleo diesel pelo motorista do caminhão que transportava o produto. Imediatamente ele acionou a transportadora, que por sua vez fez contato com a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros, o NEA, e o serviço de atendimento especializado contratado pela firma. Em seguida, as equipes começaram o deslocamento e um perímetro de isolamento foi estabelecido. A primeira corporação a chegar foi a Polícia Militar, responsável pelo isolamento da área.
Em seguida, os bombeiros atuaram com dois focos principais: resfriar o local para onde o óleo vazou e criar barreiras de contenção para evitar que o produto continuasse caindo em uma boca de lobo próxima, justamente para diminuir os impactos de uma possível contaminação. Com o acionamento da equipe especializada no atendimento de emergências, o terceiro time responsável por atuar no local chegou ao local do vazamento, apoiando os bombeiros e desenvolvendo seus próprios protocolos de gerenciamento dos riscos.
O trabalho foi feito em parceria por três empresas: Ambipar, Sermage e Unybrasil, que se dividiram em diferentes funções enquanto durou o atendimento. Logo depois foi a vez dos técnicos do NEA chegarem ao local. "Os funcionários do NEA atuam em conjunto com os outros órgãos de resposta para definir as ações e verificar quais são as medidas de resposta necessárias para evitar o agravamento do acidente. Depois eles fazem uma ação de fiscalização e verificam os danos ambientais", diz o gestor ambiental do NEA, Edilson Coelho.
Enquanto um segundo caminhão se aproximava para fazer o transbordo da carga que permanecia no primeiro veículo, a fim de liberar o local do acidente, o técnico em meio ambiente da Copasa, Cleison Morais, que participou das palestras do seminário e acompanhou de perto o simulado, disse que o grande diferencial da atividade foi observar as diferenças entre teoria e prática. "Os participantes se expõem a um perigo muito grande e é bem diferente do que a gente imagina. Foi muito bom para entender questões como isolamento e risco de explosão. Quando esse tipo de acidente acontece, tem que ter paciência porque é uma situação bem complexa", diz o participante do simulado.
Edilson Coelho, da Feam : os funcionários do NEA atuam com outros órgãos nas medidas de resposta para evitar o agravamento do acidente e
verificam os danos ambientais
Edilson Coelho, da Feam : os funcionários do NEA atuam com outros órgãos nas medidas de resposta para evitar o agravamento do acidente e verificam os danos ambientais
Antes do transbordo da carga, uma situação implementada pelos bombeiros e pelas empresas que atuaram na emergência chamou a atuação de duas participantes do seminário: administradora Karina Friaça, de 34 anos, e a engenheira química Marina Alves, de 23. Foi necessário aterrar os dois caminhões, prática que consiste na transferência de cargas dos veículos para o solo, com o objetivo de evitar uma explosão. Com a energia estática elevada, qualquer fagulha poderia provocar uma explosão.
"Para mim essa ação de aterrar os caminhões foi novidade, então foi importante para ver os detalhes do procedimento. Na faculdade mesmo a gente não vê tanta prática", diz Marina, que está fazendo pós-graduação em engenharia de segurança do trabalho. "Ver a atuação de perto é muito bom, porque é dessa forma que vemos como funciona", acrescenta Karina.
Acostumado a lidar com esse tipo de acidente e atuar na linha de frente dos atendimentos, o tenente Paulo César Soares de Lima Rocha, do Corpo de Bombeiros, elogia a nova legislação que rege o transporte de produtos perigosos, que obriga as empresas a terem serviço telefônico 24 horas para comunicação do desastre e também um serviço de atendimento a emergências.
“A gente vê isso como oportunidade, tanto das transportadoras quanto das empresas que recebem as cargas, de procurar desenvolver seus planos de emergência e capacitar seus funcionários. Essa nova lei é importante para se tornar uma linguagem comum de atendimento, mas acima de tudo temos que trabalhar a prevenção e a disseminação do conhecimento. Quanto mais treinamentos envolvendo esse tipo de cenário, teremos mais conscientização para a população e empresas”, diz o militar.
O público que participou do seminário acompanhou todo o trabalho a poucos metros das áreas de atuação para observar os detalhes. Representantes de empresas que trabalham com transporte de cargas perigosas e de entidades que reúnem essas empresas também estiveram presentes e destacaram a necessidade de as companhias trabalharem a prevenção para evitar os acidentes, além da importância de saber o que fazer em caso de emergência.
"Quando acontece um simulado, as pessoas entendem as variáveis do acidente e com isso ampliam a visão da situação", diz a analista jurídica ambiental do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Juliana de Oliveira Soares.
Durante dois dias, o Seminário de Emergência Ambiental ofereceu ao público palestras sobre gestão de riscos em desastres, resposta a emergências ambientais, os riscos ambientais e os contextos ligados a esse cenário. A programação teórica, que contou com 12 palestras e três debates chegou ao fim nesta quinta-feira (21/11), com a atividade prática. Nova edição do seminário está prevista para o ano que vem.
“O público que viu o seminário conseguiu perceber a importância da prevenção e entendeu que existem riscos associados aos acidentes. Nós também mostramos que é crucial ficar atento à nova legislação sobre transporte de produtos e tudo isso leva ao objetivo de prevenir e minimizar riscos para toda a população”, completa o gestor ambiental do NEA, Edilson Coelho.
Guilherme Paranaiba
Ascom/Sisema