Foto: Sisema Divulgação
Animal será reabilitado conforme instruções do ICMBio e do Plano de Ação Nacional para conservação da espécie
Espécie rara e ameaçada de extinção, um mico-leão-dourado foi resgatado de cativeiro irregular nessa quarta-feira (30/9) por equipes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e da 12ª Companhia da Polícia Militar de Meio Ambiente. Ele era mantido em um sítio de Caratinga, na Região do Vale do Rio Doce, e a proprietária do local não explicou a origem do animal silvestre.
A ação fiscalizatória que culminou no resgate do animal é um desdobramento da Operação Macaw, desencadeada em 17 de setembro sob a coordenação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), com a participação de diversos órgãos ambientais, estaduais e federais, entre eles a Semad e o IEF.
Nesta quarta-feira, os trabalhos foram conduzidos por equipes de fiscalização ambiental da Superintendência Regional de Meio Ambiente (Supram) Leste Mineiro e da médica veterinária da Unidade Regional de Florestas e Biodiversidade (URFBio) Rio Doce, Thais Lopes. De acordo com o Diretor de Fiscalização da Supram, Daniel Colen, o animal não vivia em gaiolas, mas solto no terreno. Durante os trabalhos da Macaw, o mico conseguiu escapar das armadilhas dos fiscais, o que impossibilitou o resgate.
Desta vez, no entanto, a armadilha foi certeira e o mico foi recuperado. “O animal apresentava condição física regular, apesar de um pouco magro. No entanto, não estava submetido a maus-tratos”, afirmou o diretor, que também é médico veterinário. O animal resgatado será levado para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) onde será acompanhado por veterinários e biólogos do IEF e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Após o acolhimento no Cetas, o mico-leão-dourado seguirá o destino dos outros três animais da espécie que foram resgatados na Operação Macaw. Os micos foram levados para o Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, conforme orientações do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Plano de Ação Nacional para conservação da espécie. Lá será decidido se haverá soltura ou conservação em cativeiro, o que dependerá de vários fatores como genética e estado de domesticação, dentre outros.
Multas
Devido ao cativeiro irregular deste mico-leão-dourado, a proprietária do sítio, que comercializava a entrada na propriedade para visitação de bichos, foi multada pela Semad em R$ 12.805,02.
Daniel Colen ainda explicou que foi identificada uma Arara-Canindé sobrevoando o sítio da autora. A mulher afirmou ser a proprietária da espécie. No entanto, em virtude da condição de voo, não foi possível capturá-la. A exemplo do mico-leão, a Arara é uma espécie que não ocorre naturalmente em Caratinga e região, sendo adquirido e solto irregularmente.
Foi determinado à proprietária do imóvel que entregasse o animal aos órgãos ambientais em até 15 dias. Caso a determinação não seja atendida, a mulher será multada novamente. “Estávamos monitorando o funcionamento desse local há aproximadamente um ano e o Ministério Público descobriu outras faces de investigação para que fosse realizada a operação”, frisou.
No caso do mico-leão-dourado, a mulher não soube explicar a origem do animal. “O mico-leão-dourado ocorre em áreas específicas de Mata Atlântica no Rio de Janeiro. Então, o simples fato de estarem em Caratinga já nos aponta que certamente foram vítimas de tráfico”, acrescentou o diretor de fiscalização. Para descobrir a origem do animal será colhido material biológico que ajudará no rastreamento dos espécimes.
Simon Nascimento
Ascom/Sisema