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Diálogos com Sisema encerra 2020 com tema sobre cultivo de eucalipto e uso da água

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Diálogos Norte

Especialistas no tema em debate fizeram apresentações durante a reunião da URC Norte de Minas do Copam

 

O programa “Diálogos com o Sisema” encerrou a temporada de 2020 com a conclusão da 9ª edição, realizada virtualmente na terça-feira (8/12), durante reunião da Unidade Regional Colegiada Norte de Minas do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). O evento, voltado para promover a educação ambiental nas diferentes áreas do território mineiro, discutiu a relação entre o cultivo de eucalipto e os recursos hídricos, a partir do uso da água das florestas plantadas especialmente no Norte de Minas, região que sofre com uma oferta hídrica menor do que o restante do estado. A reunião foi transmitida pelo canal “Reuniões Copam & CERH”, no YouTube, e pode ser conferida na íntegra pelo link abaixo.


Clique aqui para conferir a íntegra da 9ª edição do “Diálogos com o Sisema”


Três professores que atuam nessa área participaram do evento, abordando diferentes pontos de vista sobre a melhor forma de convivência entre as florestas plantadas e a oferta de água para as populações que vivem em regiões com grandes áreas reflorestadas com eucaliptos. O superintendente da Superintendência Regional de Meio Ambiente do Norte de Minas, Clésio Amaral, lembrou que há um discurso constante pró e contra o eucalipto e que muitos questionamentos são oriundos de décadas atrás, devido à maneira como era cultivada essa espécie de rápido crescimento no Brasil.


Ele destacou que muitas vezes prevaleceu a carência em estudos e experimentos com a falta de divulgação, tanto em relação ao manejo florestal quanto a fatores que interferem na absorção de água pela floresta, o que gerou fortes questionamentos, sobretudo negativos ao eucalipto. “Com a evolução das pesquisas nos últimos anos, muitos estudos mostram não haver tanta diferença nas comparações do consumo de água do eucalipto com outras espécies florestais. Trata-se de um tema que aborda a questão não apenas técnica, ecológica, física ou biológica, mas também de manejo e gestão dos recursos ambientais, com atenção aos aspectos econômicos, sociais e culturais”, diz o superintendente.


ESPECIALISTAS DISCORREM SOBRE O TEMA


O primeiro especialista a falar sobre o tema foi o professor Dr. Sebastião Renato Valverde, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), que trouxe um pano de fundo para o assunto, apresentando aspectos econômicos, sociais e ambientais das plantações florestais. Ele destacou que a silvicultura se desenvolveu a partir da década de 1970 no Brasil e que o processo de desenvolvimento incluiu as questões socioambientais no processo produtivo.


O professor destacou aspectos que mostram que a produção atual tem procurado se adequar à economia verde e que, como o Norte de Minas convive com um problema pluviométrico, aumenta a necessidade de se buscar soluções e tecnologias que sejam mais tolerantes às condições de seca e que também não afetem o ciclo hidrológico. Ele destacou que a produção florestal é um setor chave na economia nacional, fomentando um desenvolvimento econômico que se aplica tanto nos momentos anteriores ao plantio quanto posteriores.


O segundo especialista a fazer uma apresentação sobre a questão do cultivo do eucalipto e o uso da água foi o professor Dr. Silvio Ferraz, da Universidade de São Paulo (USP). Ferraz apresentou ao público o projeto do Programa de Monitoramento Ambiental em Microbacias (Promab), que é uma parceria entre a universidade e empresas que trabalham com plantações de florestas para gerar dados, especialmente hidrológicos. As empresas instalam o programa e a academia cuida dos dados, gerando informações importantes para a companhia usar no manejo florestal.


O professor Silvio Ferraz deixou claro que as produções florestais de fato aumentam o uso da água em relação à cobertura vegetal nativa do cerrado, por exemplo, mas destacou que existem medidas que podem agravar e atenuar os efeitos negativos. Uma grande proporção ocupada pelos plantios dentro da bacia, plantios que possuam a mesma idade e rotações curtas são situações que podem ampliar o problema, segundo ele. Já o uso de plantios mistos e sistemas agroflorestais são opções que balanceiam o uso da água.


Por fim, foi a vez do professor Dr. Hely Carlos Teixeira Dias, que também é da UFV, fazer suas considerações. Ele apresentou o histórico do Laboratório de Hidrologia Florestal (LHF), do qual é coordenador na UFV, e falou sobre processos hidrológicos que compõem o ciclo da água monitorados no âmbito do laboratório e que levam à universidade a contabilizar os balanços hídricos de uma microbacia. Disse que a experiência do laboratório mostra que os casos de monitoramento hidrológico possuem suas peculiaridades, por isso, muitas vezes, precisam ser aprofundados. Dias também apontou a necessidade de se investir em técnicas de conservação de solo e água para aumentar a oferta hídrica e deu uma série de outros detalhes sobre o assunto que podem ser conferidas na íntegra da reunião.


DIÁLOGOS FECHA TEMPORADA 2020


Devido à pandemia de covid-19, as nove edições regionais do “Diálogos com o Sisema” de 2020 foram reformuladas e aconteceram de maneira virtual, com a gravação e disponibilização de todos os encontros no canal “Reuniões Copam e CERH” do YouTube. A superintendente de Gestão Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Fernanda Wasner, lembrou que, na proposta da Semad, não se faz educação ambiental que não esteja alicerçada no conhecimento, em valores que estejam consistentes para que realmente sejam alcançadas a preservação e a qualidade do meio ambiente.


“Nosso objetivo é incentivar o uso dos recursos naturais de forma adequada, preservando o patrimônio ambiental e desenvolvendo modelos que possam favorecer esse uso adequado. O ‘Diálogos com o Sisema’ é uma ferramenta de educação ambiental, utilizada para suscitar conversas em diferentes áreas justamente para facilitar o processo de aprendizado para uma sociedade sustentável, que vise a preservação dos recursos naturais pela sociedade a partir do conhecimento”, finaliza a superintendente da Semad.


Guilherme Paranaiba
Ascom/Sisema

 

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