A troca de experiências na gestão de florestas modelo em 15 países foi o fio condutor do Seminário Ibero-americano 'Conhecendo os Bosques Modelo' encerrado nesta quarta (09/06) em São Lourenço, no Sul do Estado.O evento, promovido pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), reuniu durante dois dias representantes desses países na discussão de modelos de estímulo a conservação e uso sustentável de recursos naturais aliados ao desenvolvimento social e econômico.
Países como Porto Rico e Colômbia apresentam semelhanças na gestão de suas florestas, ou bosques, modelo. Ambos vem buscando soluções para conciliar a conservação das matas, o cultivo do café, muito difundido em ambas as regiões onde estão localizados, e a sensibilização das populações locais para tomarem parte no esforço.
Na Colômbia, nos seus 36 mil hectares, o Bosque Modelo Risaralda divide-se em 46,2% de florestas, 26% de pastos e 30% de culturas agrícolas, especialmente o café. O gerente do bosque, Francisco Uribe, observa que entre os anos de 1997 e 2006, houve um crescimento na área de florestas de cerca de 15 mil hectares.
"A gestão efetiva das áreas protegidas em Risaralda só foi possível porque foi realizada de forma conjunta com as comunidades locais", afirma Uribe. Ele observa que foi realizado um trabalho de gestão complementar utilizando as forças de cada setor, capacitando as comunidades e proporcionando melhoria na qualidade de vida local. "A melhoria ficou mais evidente a medida que os habitantes se converteram nos principais parceiros da conservação", afirma.
Da mesma forma, em Porto Rico, no Bosque Modelo das Tierras Adjuntas, a cultura de café é uma dos principais meios de sobrevivência das comunidades locais. A região possui 14,4 mil habitantes e conecta cinco florestas no primeiro corredor ecológico formado no país. O diretor executivo da organização não governamental que gerencia o bosque modelo, o Centro para la Conservación del Paisaje, Edgardo Gonzalez, observa que uma das primeiras iniciativas foi buscar mecanismos para auxiliar os agricultores que enfrentavam pragas nas plantações.
Gonzalez afirma a busca de formas de incentivar a adesão dos moradores locais foi a tônica do trabalho. "Buscamos identificar todos os atores e integrar estudantes, agricultores, artistas e todo a população em atividades de fortalecimento do trabalho", explica. No momento, estão sendo desenvolvidos projetos agroflorestais e de conservação dos recursos hídricos.
Brasil
Em Minas Gerais, o IEF vem implantando projetos para promover a conservação e a utilização sustentável dos recursos florestais através de associações, que desenvolvam atividades produtivas, educativas e de pesquisa. No Estado estão localizadas as duas únicas florestas modelo do Brasil: da Mata Atlântica e de Pandeiros (Áreas de Preservação Ambiental do Rio Pandeiros, Coxa e Gibão, no município de Januária). As áreas foram reconhecidas pela Rede Iberoamericana em 2005.
Na região do Rio Pandeiros, situada no norte de Minas, as comunidades vem recebendo treinamento, equipamentos, insumos e assistência técnica para o desenvolvimento de atividades que já diminuíram a pressão sobre as florestas locais para produção de carvão. O gerente do Bosque Modelo do Pandeiros, Kolbe Soares, observa que desde a implantação do programa de desenvolvimento sustentável do Pandeiros, que foi o embrião para sua transformação em floresta modelo, o desmatamento ilegal na região foi praticamente eliminado.
"Um dos mecanismos adotados pelo IEF é o estimulo ao plantio de eucaliptos em áreas já desmatadas, gerando trabalho e renda para a população e reduzindo a demanda por madeira, lenha e carvão vegetal", destaca. Nesses municípios as comunidades estão sendo estimuladas a participar de cursos de treinamento em atividades relacionadas ao meio ambiente para aprimoramento e capacitação nas áreas de ecoturismo, fabricação de mobiliário, apicultura, criação de animais silvestres e artesanato.
Já no Bosque Modelo da Mata Atlântica, que tem seu núcleo na Floresta Estadual de Uaimií, em Ouro Preto, começa a ter atividades desenvolvidas em outros locais de ocorrência do bioma incluídas no Bosque Modelo. É o caso de atividades desenvolvidas no Sul do Estado, local de realização do Seminário onde o IEF, por meio do Projeto de Proteção da Mata Atlântica (Promata), tem realizado experiências importantes como o pagamento a proprietários rurais que conservem suas florestas.
Os representantes das Redes Internacional e Iberoamericana de Florestas Modelo permanecerão em Minas até o dia 11 de junho. Nesta quinta, será realizada a reunião do Diretório da Rede IberoAmericana de Bosques Modelo e, na sexta, os participantes conhecerão o trabalho de que vem sendo realizado com o apoio do IEF na região de Baependi, na gestão da Floresta Modelo da Mata Atlântica.
Fonte: Ascom/ Sisema
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