A Organização das Nações Unidas (ONU) inicia nesta segunda (24/01), em Nova Iorque, nos Estados Unidos, as comemorações do Ano Internacional das Florestas. Durante a 9ª Sessão do Fórum das Nações Unidas para Florestas, será lançada oficialmente a celebração que terá o tema "Florestas para as pessoas".
A exemplo de 2010, declarado Ano Internacional da Biodiversidade, a ONU tem o objetivo de aumentar a conscientização sobre a importância da temática ambiental. Desta vez, o organismo internacional enfoca a questão das florestas, com destaque para a conservação, o manejo e o desenvolvimento sustentável.
O Brasil é o segundo país com a maior extensão florestal do planeta, atrás apenas da Rússia. Tem 516 milhões de hectares de florestas naturais e plantadas, o que equivale a 60,7% do território nacional, de acordo com dados do Serviço Florestal Brasileiro (SFB). Em Minas Gerais, as florestas ocupam cerca de 33% do seu território, ou quase 20 milhões de hectares, divididos, principalmente, entre áreas dos biomas mata atlântica e cerrado.
Para garantir que a gestão dos recursos naturais numa área tão vasta seja feita de forma democrática, o Governo de Minas tem utilizado instrumentos que garantam a inserção das comunidades que habitam as áreas rurais, seguindo a proposta defendida pela ONU nas comemorações do Ano Internacional das Florestas. As florestas, ou bosques modelo, são exemplos de iniciativas para garantir a participação das comunidades, incentivando o desenvolvimento de atividades produtivas, educativas e de pesquisa. Minas é o único Estado brasileiro que possui projetos na área, tendo dois já implantados: o do Cerrado e o da Mata Atlântica.
O modelo surgiu no Canadá na década de 1990 e foi trazido ao Brasil em 2005 quando Minas Gerais teve os bosques de Pandeiros, no norte do Estado, e da Mata Atlântica reconhecidas pela Rede Iberoamericana que reúne, atualmente, 13 países da América Latina, Caribe e a Espanha. “A presença mineira na Rede de Bosques Modelo, ainda de forma única no Brasil, demonstra o acerto das políticas que vem sendo adotadas no Estado”, afirma diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF), José Cláudio Junqueira.
Mata Atlântica
O trabalho proposto para a floresta modelo da Mata Atlântica teve seu núcleo inicial na Floresta Estadual de Uaimií, em Ouro Preto, e foi ampliado para outros locais de ocorrência do bioma, onde o Estado já desenvolve um intenso programa de recuperação e conservação por meio do Projeto de Projeto de Proteção da Mata Atlântica (Promata). Um desses locais é a região município de Baependi, localizado na região da Serra da Mantiqueira, no Sul do Estado.
Na região, está localizado o Parque Estadual da Serra do Papagaio, em cujo entorno o IEF desenvolve um trabalho de recuperação das áreas de ligação com os Parques Nacionais do Itatiaia e da Área de Proteção Ambiental da Mantiqueira, no qual as comunidades locais têm participação essencial. Por meio de parcerias com os produtores rurais da região, o IEF, desde 2007 conseguiu recuperar cerca de 2,9 mil hectares de florestas, trabalhando em 240 áreas que utilizaram cerca de 2,3 milhões de mudas produzidas nos viveiros familiares implantados na região.
O Promata se iniciou em 2003, após assinatura da Cooperação Financeira entre Brasil e Alemanha. Pelo acordo, Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) e do KfW Entwicklungsbank (Banco Alemão de Desenvolvimento) da Alemanha investiram 7,7 milhões de euros e o Governo de Minas outros 7,3 milhões em projetos na área de Mata Atlântica mineira.
A primeira fase do projeto foi encerrada em 2007 e teve como resultados melhorias expressivas em 15 unidades de conservação localizadas na área de abrangência do bioma. O trabalho também permitiu o início da recuperação de 8,6 mil hectares da Mata Atlântica que beneficiaram 851 agricultores em 45 municípios. A segunda fase do projeto, que será executada entre 2010 e 2013, terá investimentos de outros 15,2 milhões de euros na área de ocorrência da Mata Atlântica mineira e beneficiará 429 municípios nas regiões do Alto Jequitinhonha, Vale do Rio Doce, Zona da Mata, Centro-Sul e Sul do Estado onde vivem cerca de 15 milhões de pessoas.
Cerrado
No cerrado, o trabalho desenvolvido para conservar as mata nativas segue a linha adotada na região do Rio Pandeiros, no norte de Minas, cujo projeto de desenvolvimento sustentável implantado pelo IEF foi o embrião para transformação da área em Bosque Modelo. As comunidades locais receberam treinamento, equipamentos, insumos e assistência técnica para o desenvolvimento de atividades que já diminuíram a pressão sobre as florestas locais para produção de carvão.
O gerente do Bosque Modelo do Pandeiros, Kolbe Soares, observa que desde a implantação do projeto, o desmatamento ilegal na região foi praticamente eliminado. “Um dos mecanismos adotados pelo IEF é o estimulo ao plantio de eucaliptos em áreas já desmatadas, gerando trabalho e renda para a população e reduzindo a demanda por madeira, lenha e carvão vegetal", destaca.
Associada à redução do desmatamento, a recuperação da cobertura vegetal é uma das ações primordiais do IEF que vem sendo reforçadas em todo o Estado com a participação de inúmeros parceiros. É o caso do trabalho realizado na região Centro-Norte do Estado, onde estão em curso ações de proteção e revitalização das Áreas de Preservação Permanente nas sub-bacias do rio Pará. Na região, R$ 850 mil foram aplicados 200 nascentes e na implantação de 200 km de cercas para proteção de matas ciliares e de topo e recuperação de áreas degradadas que beneficiarão a população de 14 municípios.
Os recursos para o trabalho na região Centro-Norte são provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, e do Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais (Fhidro). O IEF ofereceu o material para o cercamento das áreas, como arame e mourões de eucalipto imunizados. A mão de obra e o transporte do material doado ficaram sob a responsabilidade dos beneficiados. Em municípios como Leandro Ferreira e Conceição do Pará, as prefeituras deram o transporte dos materiais colocando-os dentro das propriedades beneficiadas.
O diretor-geral do IEF observa que a recuperação de áreas de vegetação contribui para evitar, por exemplo, futuros problemas de disponibilidade hídrica na região. “Controlando a erosão, o desmatamento e o assoreamento, principais problemas que encontrados na Bacia, naturalmente melhorará a qualidade da água e do solo, a vazão dos cursos d’água será regulada com o aumentando do nível dos lençóis freáticos”, explica.
A conservação de atas nativas e a recuperação de áreas degradadas são atividades executados pelo IEF inseridas no do Projeto Estruturador ‘Conservação do Cerrado e Proteção da Mata Atlântica’ do Governo de Minas que prevê a recuperção de 120 mil hectares até 2011. Somente em 2010, foram recuperados cerca de 20 mil hectares.
Fonte: Ascom/ Sisema
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