O Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) iniciou nesta sexta-feira (11/05), uma série de Simulados Operacionais de Combate a Incêndios Florestais nas unidades de conservação de Minas. O primeiro foi realizado no Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), envolveu cerca de 100 pessoas e todos os equipamentos empregados no combate ao fogo, incluindo dois helicópteros.
O trabalho reproduziu todas as condições de um combate ao fogo, desde a identificação dos sinais de fumaça, emissão dos primeiros alertas até a confirmação de um incêndio florestal de grande porte e que exija a participação da Força Tarefa Previncêndio (FTP).
O simulado teve início às 9h12 após o aviso de uma moradora do entorno do Parque em Ibirité. Dezesseis minutos depois, a primeira equipe composta por funcionários do Parque e da Copasa chegaram ao local, confirmaram a existência do incêndio e solicitaram apoio.
Às 9h35, brigadistas voluntários, de organizações não governamentais, de empresas e condomínios localizados no entorno do Parque, bem como integrantes do Corpo de Bombeiros chegaram ao local para reforçar o combate ao fogo. Às 9h44, a Força Tarefa Previncêndio foi acionada e, às 11h30, dois helicópteros iniciaram os lançamentos de água e o transporte de brigadistas e equipamentos.
Rapidez
“Dar respostas rápidas no combate ao fogo em seu início é um fator decisivo para reduzir o número de incêndios florestais nas unidades de conservação. É o principal objetivo do Plano de Ação 2012 para Prevenção e Combate a Incêndios Florestais”, explica a subsecretária de Controle e Fiscalização Ambiental Integrada da Semad, Marília Melo.
A subsecretária observa que os simulados são uma experiência inédita em Minas Gerais. “A atividade ajuda a testar as medidas preventivas de cada unidade de conservação e evitar erros durante um incêndio real”, afirma. A inovação está prevista no Plano de Ação 2012 e permitirá que o Sisema desenvolva métodos ainda mais eficazes de controlar os incêndios antes que atinjam grandes proporções.
O Plano é composto por seis programas operacionais: prevenção e controle, capacitação, combate, infraestrutura e logística, comunicação, fiscalização e investigação. O programa prevê a implementação de ações para reduzir as causas e os riscos de propagação do fogo, a capacitação de todos que participam dos trabalhos de controle dos incêndios e a elaboração de planos e estratégias de combate em função do tamanho do incêndio e dos meios disponíveis.
Até junho, serão realizados outros quatro simulados. No dia 18 de maio, será a vez do Parque Estadual da Serra do Papagaio, no Sul do Estado, e no dia 24, no Parque Estadual do Biribiri, em Diamantina. No dia 31, será a vez do Refúgio de Vida Silvestre do Rio Pandeiros, em Januária e no dia 6 de junho, a atividade acontecerá no Refúgio de Vida Silvestre Libélulas da Serra de São José, em Tiradentes.
Marília Melo destaca ainda o aumento nos investimentos em ações de prevenção e combate a incêndios florestais que passaram de R$ 4 milhões, em 2011, para R$ 26 milhões em 2012. “Um combate eficaz exige que os brigadistas estejam bem treinados, orientados e equipados”, afirma. “A Semad também reforçou a parceria com o Corpo de Bombeiros o que permitirá a capacitação dos integrantes da corporação no combate a incêndios florestais”, completa.
A fiscalização e a investigação das causas e causadores dos incêndios florestais também ganhará nova dinâmica. “A suspeita é de que quase 90% dos incêndios florestais sejam de origem criminosa o que cria frentes de fogo muito amplas e difíceis de combater”, afirma Marília Melo. Ela observa ainda que um convênio firmado no início de maio com a Polícia Militar permitirá melhorar a fiscalização das unidades de conservação estaduais.
Coordenação
Uma das principais inovações no trabalho da Força-Tarefa Previncêndio é a adoção do Sistema de Comando de Operações. Segundo o assessor da Subsecretaria de Fiscalização e Controle Ambiental, Anderson Passos, o objetivo principal é criar condições, durante a operação, para que cada um execute da melhor forma possível sua missão.
“O sucesso no enfrentamento de situações críticas depende de uma organização de esforços que observe cada aspecto da operação, do almoço dos envolvidos ao deslocamento das aeronaves”, disse Passos. O capitão do Corpo de Bombeiros passou a integrar a equipe do Sisema em 2012, trazendo a experiência no gerenciamento de crise adquirida na corporação e em sua passagem pela Cedec.
Para o Capitão BM Paulo Afonso Montezano, da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, a adoção do Sistema aperfeiçoará a condução dos trabalhos durante as operações. “O Sistema já é usado pela Cedec em situações de emergência e iremos compartilhar nossa experiência e, ao mesmo tempo, aprender com as singularidades de uma operação de combate a incêndios florestais”, avalia.
A atividade foi conduzida por integrantes da Coordenadoria de Defesa Civil do Estado (Cedec), do Corpo de Bombeiros Militar, por técnicos do Previncêndio e do Instituto Estadual de Florestas (IEF), órgão que administra o Parque. Também participam da atividade, as Polícias Militar e Civil de Minas Gerais, a Copasa e brigadistas, voluntários como os que integram a ‘Brigada 1’, e de empresas, condomínios e organizações não governamentais que atuam no entorno do Parque.
O Parque
O Parque Estadual da Serra do Rola-Moça é um dos principais locais de vigilância durante o período seco e vem constantemente implantando inovações e melhorias. Recentemente, na entrada pelo Barreiro, em Belo Horizonte, a Adjuntoria de Emergência Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar, instalada no local, passou a abrigar uma das sub-bases da Força-Tarefa Previncêndio.
A unidade de conservação é uma das mais importantes do Estado. Situada na RMBH, é um dos maiores parques em área urbana do país e abriga alguns dos mananciais que abastecem a capital. O Parque foi criado em 1994 e está localizado nos municípios de Belo Horizonte, Nova Lima, Ibirité e Brumadinho.
A área está situada numa zona de transição de Cerrado para Mata Atlântica, rica em campos ferruginosos e de altitude. É o habitat natural de espécies da fauna ameaçadas de extinção como a onça parda, a jaguatirica e o lobo-guará.
Por sua localização próxima a áreas urbanas, o Parque Estadual da Serra do Rola-Moça é uma das unidades de conservação mais vulneráveis aos incêndios florestais. Em 2011, cerca de 1.969,82 hectares foram atingidos pelo fogo no interior do fogo em 25 incêndios. Em 2012, foram registradas seis ocorrências no interior e no entorno do Parque.
Fotos: Gil Leonardi/Imprensa MG
Brigadistas combatem icêndio simulado
Helicóptero recolhe água para lançamento em fogo