O aumento da eficácia na fiscalização ambiental do Instituto Estadual de Florestas (IEF) foi responsável por uma medição mais acurada dos dados relativos ao consumo de carvão proveniente de mata nativa em Minas Gerais este ano. Levantamentos do Instituto revelam que a partir de 2003, após serem deflagradas operações como a "Carga Pesada" e a "Pequizeiro", os números registrados revelaram-se mais reais em relação ao consumo de carvão no Estado.
"A adoção de processos modernos e a ampliação do quadro de técnicos representou uma melhoria significativa na fiscalização e no registro dos dados sobre consumo de carvão", explica o diretor-geral do IEF, Humberto Candeias Cavalcanti. "A elevação em cerca de 20%, entre 2003 e 2007, da quantidade de carvão nativo consumido em Minas não significa que o consumo ao longo dos anos aumentou, mas sim que a fiscalização agora está registrando com mais precisão esses dados", completa.
De acordo com Candeias, houve no país e no exterior um aumento do consumo de ferro gusa em decorrência do bom momento econômico mundial e pela demanda de países em desenvolvimento acelerado, como China e Índia, o que elevou a produção de gusa em cerca de 50% comparando 2007 e 2003. Outro ponto salientado pelo diretor-geral é que as autorizações emitidas pelo IEF para desmate vêm diminuindo ao longo dos anos, em razões de políticas mais racionais em relação ao uso do solo. "O desmatamento médio nos últimos dois anos foi cerca de 75 mil hectares, uma média excelente se compararmos com a situação de dez anos atrás, quando o desmatamento atingia cerca de 500 mil hectares anualmente", esclarece.
"A lenha nativa de desmatamentos feitos para atividades agropecuárias também é usada como carvão vegetal", explica Candeias. Segundo ele, muitos produtores utilizam a lenha resultante de supressões autorizadas para atividades agropecuárias para produção de carvão e conseqüente aquisição de recursos financeiros para suas atividades. O diretor-geral adianta que será lançado, em 2008, um relatório caracterizando o uso da mata nativa suprimida no Estado, bem como sua localização. A partir desse estudo será possível relatar qual é a porcentagem da contribuição dos diversos setores econômicos do Estado para a produção do carvão.
Inventário melhora eficiência da fiscalização
Lançado no último Congresso Mineiro de Biodiversidade (Combio), realizado em 2006, o Inventário Florestal de Minas Gerais é uma importante ferramenta para a fiscalização florestal do Estado. O estudo foi elaborado com base em imagens coletadas por satélite em três épocas distintas do ano, minimizando possíveis erros que possam ocorrer em função da nebulosidade e das características dos biomas.
O Inventário consiste na reunião das informações obtidas com o mapeamento e o monitoramento da flora nativa e dos reflorestamentos existentes no Estado. "O inventário trouxe um diagnóstico do Estado, com os detalhes de quais municípios estão devastando ou conservando mais suas florestas. É um instrumento que possibilita o direcionamento das fiscalizações e a ampliação das ações de recuperação das áreas desmatadas", explica o coordenador do trabalho e professor da Universidade Federal de Lavras (UFV), José Roberto Scolforo.
12/11/2007
Fonte: Ascom/Sisema