Um novo modelo de conservação da diversidade biológica, com uma visão mais abrangente e integradora, foi apresentado no Simpósio ‘Como Planejar e Manter as Áreas Protegidas com Enfoque Ecossitêmico'. A apresentação foi realizada nesta quarta-feira (23/04), no 2º Congresso Mineiro de Biodiversidade (Combio), em Belo Horizonte.
A visão sistêmica das áreas protegidas, que trata todas as categorias de unidades de conservação como um todo, é o principal conceito do modelo. A coordenadora de Ciências do Programa de Conservação da Mata Atlântica da organização não governamental The Nature Conservancy (CNT), Anita Diederichsen, defende que a conservação não deve ficar restrita às unidades, mas integrar toda a área necessária para a preservação daquela biodiversidade selecionada.
Durante o Simpósio, Anita Diederichsen pontuou as principais etapas do planejamento e destacou que o primeiro passo é selecionar a unidade de planejamento com a qual se deseja trabalhar, que pode ser, por exemplo, um bioma ou uma bacia hidrográfica. "A biodiversidade não tem fronteiras políticas", lembrou.
Para a pesquisadora, no estudo da área a ser preservada, é necessário identificar as espécies, as comunidades e os sistemas ecológicos que a compõe, bem como a sua representatividade e vulnerabilidade. "Nós temos que priorizar as áreas que estão efetivamente ameaçadas", comenta.
O próximo passo, de acordo com Diederichsen, é a definição do número e da extensão dos alvos a serem preservados. "Este é o momento de definirmos o quanto devemos conservar", explica. Os alvos podem ser sistemas ecológicos, grupos, espécies e comunidades naturais. A expositora afirma que para garantir a conservação é necessário que múltiplas espécies ou sistemas sejam selecionados. "A proposta é fazer uma Arca de Noé com a nossa biodiversidade", exemplifica.
Após agregar as informações e os dados relevantes sobre a localização e qualidade dos alvos da conservação, é possível desenhar um conjunto de áreas prioritárias que contemple as metas estabelecidas. A expositora destaca que o processo de planejamento de áreas protegidas é dinâmico e que a criação de uma unidade de conservação influência no planejamento de outras áreas.
Conectividade
Para garantir a efetiva proteção da biodiversidade é preciso criar um conjunto de áreas de preservação bem conectadas. Essa proposta foi defendida na oficina ‘Conectividade entre Áreas Protegidas', do Simpósio ‘Como Planejar e Manter as Áreas Protegidas com Enfoque Ecossistêmico'.
A coordenadora da oficina e presidente da organização não governamental Valor Natural, Gisela Herrmann, explica que o manejo isolado das unidades de conservação não é eficaz na preservação da diversidade biológica. "O isolamento dos habitats inicia um processo natural de perda de espécies, enquanto o aumento da conectividade entre as áreas amplia as chances de sobrevivências das espécies", defende.
De acordo com Gisela Herrmann, a recuperação de corredores ecológicos deve ser feita tendo em vista um planejamento regional que inclua administrações municipais e proprietários rurais, dentre outros. Para ela, a ampliação das áreas de proteção para além das unidades de conservação deve observar também Áreas de Preservação Permanente (APPs), áreas de reserva legal e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs).
Para Gisela Herrmann, nesse processo, é fundamental desenvolver um trabalho de mobilização e educação ambiental, por meio de um planejamento participativo, que contemple a articulação com atores estratégicos e capacitação de atores chaves. "A conectividede busca integrar as ações de conservação com os múltiplos usos da terra de uma determinada região, sob as perspectivas biológicas, sociais e econômicas", defende.
23/04/2008
Fonte:
Sala de Imprensa
2º Congresso Mineiro de Biodiversidade