A crescente ocupação urbana e a implantação de atividades econômicas próximas a unidades de conservação são uma ameaça efetiva à proteção da biodiversidade. O estudo de alternativas para evitar os impactos negativos foi o foco da oficina ‘Áreas Protegidas e Projetos de Grande Impacto Ambiental', realizada nesta quinta-feira (24/04), no 2º Congresso Mineiro de Biodiversidade (Combio).
Na oficina, a superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, defendeu que três atores sociais são estratégicos para garantir a proteção do patrimônio natural: a iniciativa privada, o poder público e a sociedade. Ela garante que "o conflito entre as áreas protegidas tem como principal motivo a pouca importância que dada à proteção do meio ambiente".
Durante a exposição, Maria Dalce sugeriu que o poder público instituísse legalmente todas as áreas consideradas prioritárias para a proteção da biodiversidade. "O percentual de áreas protegidas como Unidades de Conservação de Proteção Integral ainda é insuficiente para a proteção ambiental", afirmou.
Para a iniciativa privada, a superintendente da Amda propõe que sejam elaborados projetos ambientais vinculados aos empreendimentos econômicos. "A sociedade também tem que assumir seu papel de agente da degradação ambiental e mudar seu padrão de consumo", argumentou.
O presidente da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), José Cláudio Junqueira, reafirmou que a participação da sociedade na gestão ambiental é fundamental para alcançar o desenvolvimento sustentável. Para ele, o grande desafio é construir uma estratégia que envolva a sociedade brasileira nas discussões sobre os grandes desafios ambientais do País. "A questão ambiental ainda não é uma prioridade para a sociedade brasileira", concluiu.
Rola-Moça
Para exemplificar os impactos ambientais gerados por grandes empreendimentos em áreas de preservação, o membro do Conselho Consultivo da Amda, Francisco Mourão Vasconcelos, apresentou um estudo de caso do Parque Estadual do Rola-Moça, localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo Mourão, a unidade de conservação sofre impactos do crescimento urbano, especialmente, de empreendimentos imobiliários e de mineração.
Francisco Mourão enumerou sete empreendimentos de mineração e quatro imobiliários, todos instalados na área do entorno do Parque do Rola-Moça, que impactam o ecossistema da unidade. Segundo o conselheiro da Amda, para se promover o uso ordenado do solo e criar um sistema eficaz de áreas protegidas na região, é preciso um planejamento que integre as recomendações do Zoneamento Ecológico-Econômico da Área de Proteção Ambiental (APA) Sul - na qual está inserida o Parque - e do plano de manejo da unidade.
24/04/2008
Fonte: Sala de Imprensa
2º Congresso Mineiro de Biodiversidade