O descontrole das chuvas e a elevação da temperatura, como consequência do aquecimento global, aumentam a necessidade da rápida adoção de políticas voltadas para a água.
O descontrole das chuvas e a elevação da temperatura, como consequência do aquecimento global, aumentam a necessidade da rápida adoção de políticas voltadas para a água. A advertência foi feita pelo secretário-adjunto da Agricultura de Minas Gerais, Paulo Romano, ao participar dos debates sobre Avanços e Desafios na Política de Água, dentro da programação do 8º Fórum das Águas de Minas Gerais, na Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).
Romano, que falou na sessão de quinta-feira (26) sobre "Uso e manejo de água na agricultura", considera que "Minas Gerais tem condições de definir boas políticas para a utilização da água que podem até servir de modelo para outros Estados".
Segundo o secretário-adjunto, "com ou sem irrigação na agricultura, a água tem que ser bem guardada de acordo com um sistema que possibilite também a conservação do solo". Ele enfatizou que a abordagem do manejo da água na agricultura, no caso de Minas, deve envolver todo o território. Por isso, acrescentou, "o debate não pode ficar restrito às questões da irrigação, até porque a maior parte das áreas plantadas não é irrigada e sim de sequeiro, dependente de chuvas".
Além disso, o conferencista explicou que a irrigação, que alcança menos de 10% da área de plantio no Brasil e em Minas, exige apenas uma fração da água da natureza, que é utilizada e depois segue, inclusive para os lençóis freáticos. De acordo com Romano, as áreas de plantio por irrigação devem ser ampliadas porque o sistema é um dos mais eficazes para a estabilização da oferta de alimentos e geração de divisas, contribuindo também para o controle da inflação.
Gerenciamento
Paulo Romano destacou a necessidade de melhor gerenciamento da água em Minas enquanto ela se encontra no território estadual. "Merecem atenção especial e apoio os produtores rurais que fazem a conservação da água, principalmente aqueles que investem na recuperação de pastagens e tomam outras providências para impedir que a água "se perca" e, antes disso, provoque prejuízos como tem ocorrido com as chuvas recentes tanto na área rural quanto nas cidades", observou.
"Na agricultura, um dos problemas para a fixação da água de chuva são os solos compactados e malcuidados, enquanto nas cidades há um excessivo asfaltamento e a cobertura do solo com outros materiais impermeáveis", prosseguiu. Ao enfatizar que a má fama da agricultura quanto ao uso da água é indevida, ele lembrou um problema predominante nas cidades: para cada litro de esgoto são necessários dez litros de água limpa.
O secretário-adjunto acrescentou que há sistemas de baixo custo para a retenção da água de chuva destinados a atender a grandes demandas. Ele assinalou que projetos dessa natureza devem ser analisados diante da perda de domínio das águas dos rios em Minas. "O Estado é formador de grandes bacias demográficas, sendo drenado pelos Rios Doce, São Francisco, Grande, Paranaíba e outros, e a água deixa de ser domínio do Estado quando atinge a calha desses rios", explicou.
Romano entende que os agricultores adotariam mais iniciativas para a melhoria do uso da água se tivessem recursos. Por isso, ele propôs a remuneração daqueles que têm feito esse trabalho, inclusive utilizando a irrigação de forma a preservar o ambiente. Disse ainda que os produtores que fazem acumulação de água por meio de barragens deveriam ter direito à outorga.