O monitoramento da qualidade e da quantidade das águas do rio Doce foi o foco das discussões nesta quinta-feira (18), em Ouro Preto, durante o 4º Encontro Técnico-Científico em Suporte à Gestão de Recursos Hídricos do Doce.
O monitoramento da qualidade e da quantidade das águas do rio Doce foi o foco das discussões nesta quinta-feira (18), em Ouro Preto, durante o 4º Encontro Técnico-Científico em Suporte à Gestão de Recursos Hídricos do Doce. O evento que encerra na sexta-feira (19) reúne pesquisadores e gestores públicos da região com o objetivo de alinhar as pesquisas acadêmicas com as demandas do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos de Minas Gerais e Espírito Santo.
Minas foi o segundo estado brasileiro a implementar o monitoramento da qualidade das águas. A partir de 1997, o estudo foi ampliado para todo o Estado, por meio do Projeto Águas de Minas. Atualmente, existem 467 pontos de monitoramento no estado, sendo 64 na bacia do Doce. "Há uma preocupação institucional no tratamento e disponibilização dos dados, para torná-los cada vez mais acessível a diferentes públicos usuários, como técnicos, gestores de recursos hídricos e de outras políticas públicas e a comunidade, que também deve se apropriar dessas informações", destacou a diretora de Monitoramento e Fiscalização Ambiental do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marília Melo.
Para complementar os dados produzidos pelos órgãos gestores, o pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo, Gilberto Fonseca Barroso, destacou a necessidade de desenvolvimento de pesquisas na área de monitoramento visando abordagens regionais. "Os estudos mais específicos podem complementar os dados dos órgãos gestores e dar mais segurança técnica para as tomadas de decisões", destacou. Barroso apresentou uma pesquisa de monitoramento de dez lagoas costeiras, na região do baixo rio Doce, em terras capixabas, incluindo a Juparanã, que possui uma área de 62km2, numa bacia de 2415km2. Essas lagoas servem ao abastecimento humano, turismo e lazer e sofrem pressão de assoreamento, extinção de espécies aquática, eutrofização e impactos socioeconômicos.
O pesquisador da Universidade Federal de Viçosa, Demetrious David da Silva, apresentou a proposta de integração do monitoramento de qualidade com o da quantidade da água e destacou a importância de traduzir os dados técnicos de monitoramento para que se produzam resultados práticos para a sociedade. "Os dados do índice de qualidade da água são muito importantes para os técnicos e os gestores, mas a sociedade quer saber se pode entrar no rio, os padrões de consumo, a potabilidade", garantiu. Ele ressaltou, ainda, a necessidade da análise de concessão de outorgas se subsidiar de dados qualitativos e quantitativos. Segundo o pesquisar, atualmente, os órgãos gestores avaliam aspectos apenas quantitativos.
Avaliando os aspectos quantitativos, o pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER), José Geraldo Ferreira da Silva, apresentou um programa de monitoramento e previsão climática implantado no Espírito Santo, com foco no alerta de eventos extremos, como enchentes e estiagens severas. O programa inova com a criação do sistema de alerta de estiagens que visa reduzir o conflito pelo uso da água no Estado. "Os mapas meteorológicos são atualizados e disponibilizados diariamente no site do instituto. Também divulgamos os dados em rádio e TVs abertas e, em casos de alerta de estiagens, fazemos o contato direto com os órgãos estaduais e municipais competentes", explicou José Geraldo. Segundo o pesquisador, as informações são estratégicas, especialmente, para o planejamento agrícola e de sistemas de abastecimento de água.
Em Minas Gerais, o monitoramento do tempo, o clima e o comportamento dos cursos de água é realizado desde 1998. Para isso, o Instituto opera 29 plataformas de coletas de dados hidrometeorológicos, com sensores de leitura dos níveis dos rios, e 11 plataformas de coletas de dados meteorológicos, e já instalou sistema de alerta de enchente nas bacias do rio Doce, Sapucaí e Verde. Nessas bacias, o Igam faz um monitoramento ampliado e os dados hidrometeorológicos são analisados e repassados diariamente às Defesas Civis Municipais das cidades atendidas. Em caso de risco, são emitidos alertas de enchentes.
Encontro
O encontro de pesquisadores e gestores de recursos hídricos da bacia do rio Doce está sendo promovido pela Rede de Ciência, Tecnologia e Inovação em Suporte à Gestão de Recursos Hídricos do Doce (Rede CTI Doce), com o apoio da Agência Nacional de Águas (ANA), Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (Iema) e Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH Doce).
A Rede CTI Doce foi criada em 2006, durante o 2º Fórum das Águas do Rio Doce e tem como Secretaria-Executiva o Projeto Águas do Rio Doce. Participam do grupo, a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE), representando Minas Gerais. Pelo Espírito Santo, participam a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER) e Instituto Federal do Espírito Santo (IFES).
Fonte: Ascom/ Sisema
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